Roteiro

Roteiro:

Nícia e Felício cruzam seus olhares pela primeira vez na infância, brincando na praia. É neste instante que, aos 5 anos de idade, se apaixonam. E é neste momento que acontece o primeiro desencontro entre eles. Felício arruina o castelo de areia que Nícia construía.
Voltam a se reencontrar na escola, onde sentam lado a lado e começam a nutrir esta história com muitas trapalhadas, como uma batida de cabeças ao tentar pegar o lápis que cai no chão, ou mesmo, o primeiro toque na mão do ser amado. Após a aula, Nícia brinca com suas flores no jardim, quando começam a cair papéis que logo ela descobre serem bilhetes de amor de seu colega, ela não o encontra, mas emociona-se com as declarações.
No primeiro ato religioso, ambos se descobrem sem graça diante da situação e passam a brincar com o caso, divertem-se juntos. O amor arde através do fogo, da vela. Na vergonha Felício foge e Nícia revela a vontade de unir-se a ele através do casamento.
Chega a adolescência, as festas, os bailes e a paquera. Felício e Nícia dançam no salão, momento em que ficam próximos do primeiro beijo, do ardor da puberdade, da erupção de sentimentos a flor da pele. O desconforto, quando percebem a situação, toma conta e a festa acaba, mais uma vez eles se separam. O momento do reencontro também é a derradeira separação: Felício vai para a guerra! Nícia sofre com o embarque dele, destrói definitivamente seu castelo de areia, sua vida transforma-se em chuva e tempestade, não há guarda-chuvas suficientes para protegê-la.
O soldado escreve cartas que não chegam, ela não sabe o que se passa do outro lado do mundo! Nícia conforma-se com a situação e, mais uma vez, com a separação. Ela está pronta para seu próprio casamento, sem a convicção da felicidade, coloca-se de noiva e escreve seu último adeus em meio a esta guerra de sentimentos.
Ao sair da cerimônia depara-se mais sozinha do que nunca, e eis que reencontra Felício, porém tarde demais! Sofrem e separam-se novamente. O tempo esta passando para ambos, cada um na sua solidão. Felício quer dar um fim a este momento. Sai de casa para comprar flores e depara-se com a florista, para sua surpresa, é seu grande amor de infância. Os sentimentos, o amor, a mágoa, tudo vêm à tona neste encontro e gera um novo desencontro.
Felício busca o reencontro e na floricultura encontra a inscrição de luto e desespera-se. Pensa ter perdido seu grande amor para a morte. Ao chegar no velório constata que o morto é o marido dela e então alegra-se. Tenta animá-la e num abraço caloroso põe tudo a perder novamente.
O tempo é cruel com ambos, não perdoa! A velhice chega e trás consigo suas amargas lembranças. Nícia vê o castelo desmoronado, deixa uma flor, busca na névoa algo que nem ela sabe. Vaga no tempo a luz de um lampião que se ofusca ao de Felício. O homem vê a areia que enterra seu passado, chora suas desilusões e desesperanças. É o fim da jornada!
Sublime ao tempo, aos desencontros e ao amor, Nícia e Felício finalmente estão frente a frente, sem tempo a perder. Selam seu passado e seu futuro em um demorado beijo. Chove pétalas, um suspiro de vida, uma ponta de felicidade. Saem do foco, relembram a infância, onde tudo podia ter sido diferente. Lembram dos bailes e dançam juntos em sua velhice, divertem-se acima de tudo.